Há momentos e conversas na nossa vida que são autenticas consultas de psicologia. Gratuitas! Muitas vezes, se não a maioria, com as pessoas mais improváveis.
Numa destas últimas conversas, falei sobre as relações familiares e os hábitos que cada família tem. As rotinas e os costumes. Lembrei-me então, de certos hábitos que existiam na minha família.
Por exemplo, lembro-me de ouvir, ao domingo de manha, a TSF no quarto dos meus pais. Tenho uma imagem perfeita na minha cabeça: muita luz no quarto, os dois recostados na cama, cada um com um jornal e a TSF como som de fundo... (podia ter ficado com algum destes hábitos, mas o máximo que faço é ouvir tsf no carro, a caminho do trabalho, e ler as gordas do público e diário de noticias no iphone à noite quando me vou deitar ou de manha quando acordo)
Também me recordo bem, de ver a minha mãe a olhar de lado para a televisão (já a minha avó o fazia e a minha tia continua a fazê-lo. A minha irmã e a minha prima, também tendem várias vezes a fazê-lo!)
O pequeno-almoço, que ainda hoje é a minha refeição favorita, embora só a faça como deve ser ao fim-de-semana e nas férias, era outro “ritual” digno de se ver.
A mesa apresentava-se bem composta. O sumo de laranja era sempre o meu pai que fazia. Ele lá tinha uma técnica especial e infalível. As cascas eram encaixadas umas nas outras até atingir uma altura considerável. Objectivo: desafiar as leis da gravidade.
No fim de espremer muito bem cada semi-laranja, havia que, delicadamente, (e sempre com o raio da faca de serrilha do pão, por ter uma ponta bem larga e redonda) tirar os remanescentes do fruto da máquina. Mas antes, deitava um bocadinho de água por cima dos mesmos. Objectivo: não desperdiçar nem uma gota de sumo! E voilá... suminho fresquinho!
Depois havia o pão, fiambre, queijo, manteiga, compota e às vezes uns croissants. E claro, leite com café! A meados de Outubro, juntavam-se as broas. Em Dezembro iniciava-se a época das fatias douradas. Em Janeiro imperava o Bolo Rei. Os meses da desgraça!
Enfim... estas são algumas das milhares de coisas de que me recordo. Algumas das milhares de coisas de que sinto falta e pelas quais dava qualquer coisa em troca. Só para poder vive-las de novo.
Ficam as recordações e as saudades! Muitas.