quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

A Família

Como eu própria já tinha avisado, não posso evitar falar de certos temas aqui... É mais forte do que eu!

Desde que me lembre sempre dei muuuita importância à família. Claro que isto está relacionado com o facto dos meus queridos pais desde sempre incentivarem-nos (a minha e à minha irmã) a isso.
Tudo era feito em família. O que queríamos e o que, às vezes, não queríamos assim tanto (parvas!).

E tudo era motivo para um encontro familiar (quando digo familiar, éramos nós os 4) e que, à típica forma portuguesa, envolvia refeição!

Os mais comuns: Aniversários, dia do Pai, dia da Mãe, Páscoa, dia do aniversário de casados, Carnaval, Natal, Passagem de Ano, e depois aqueles dias "desculpa para festa": A Ana tirou um 20, a Paula tirou um 18 (sim sempre fui um bocado "menos boa aluna" ehehe), A ana terminou o curso, a paula tirou a carta, a mãe terminou o doutoramento, o pai ganhou 30€ no euromilhões, a paula foi à primeira entrevista etc etc... Já deu para perceber?! :)

Sempre gostei destes encontros e destas "mini festas", porque com o meu pai, tudo se tornava numa festa! Era rir maior parte do tempo.
No entanto, também me lembro de fazer birras porque não queria ir viajar com eles no Verão, preferia ficar em Alcanena com os amigos! looool Muito estúpida mesmo! Mas os meus queridos pais tinham noção dessa estupidez e basicamente, faziam ouvidos de marcador e lá me tinha de passar a birra, e lá ia eu de viagem.

Passagens de ano também eram aqueles momentos nem sempre consensuais.
Claro que acabavam sempre por ser autenticas aventuras e eu acabava sempre por me divertir à grande mas lembro-me de algumas vezes a minha irmã bater com o pé no chão a reivindicar a sua adolescência. Nunca lhe foi concedida. Não nas passagens de ano. Ainda bem. Ela também concordará.

À medida que fomos crescendo, fomos valorizando cada vez mais a família e todos os momentos que passávamos juntos.
Vim cedo para Lisboa e por isso desde os 15 anos que só estava com os meus pais praticamente ao fim-de-semana.
Esta distância ainda me fez valorizá-los mais.

Era bom chegar a casa à sexta à noite. Principalmente no Inverno.
Jantar na mesa, lareira acesa, miminhos no sofá e ao deitar. Lembro-me da minha mãe ir sempre ao meu quarto antes de se ir deitar e passava-me com o dedo no nariz, desde a testa até à pontinha.
Também me lembro de lhe fazer ataques de mimos no sofá dela e ela desatar aos berros "sai de cima de mim, deixa-me ver as noticias!!!" sempre com aquela voz de "não pares" :) Era divertido!

Desde que comecei a interessar-me por arte, era ela a minha "incentivadora". Comprou-me muitos livros de arte, e até quadros do Picasso! (serigrafias, claro) Comprou-me um cavalete e um estojo maravilhoso de óleos e pincéis da Van Gogh. Era ela que me desafiava a ver certos filmes e ler certos livros. Sabia tanto! Era um poço de conhecimento e cultura! Tínhamos uma combinação: ir as duas sozinhas o dia inteiro para o Louvre. Não tivemos tempo de a cumprir.

Porque tudo se acabou. Cedo demais!
Levou com ela a minha vontade de pintar e o meu interesse pela pintura. Sem ela, tudo isso deixou de me fazer sentido.

Entrar na Faculdade de Belas Artes foi um sonho partilhado por ambas, e felizmente, já muito doente e debilitada, a poucos dias da sua morte, ainda lhe consegui dizer "mãe, consegui!" e ela ainda sorriu e ainda me fez um esquema da zona, para me explicar onde era a Faculdade e um esquema das principais avenidas de Lisboa para eu me orientar.

Na verdade, o tema era para ser a Família e passou a ser apenas a minha Mãe... como escrevo o que vai saindo e não o que tinha pensado, não me vou forçar a falar do tema previsto.

Fica para a próxima...
Agora preciso dum minuto...